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Estréia do Clip Oficial da Série Von.

Umbrage in Shadows

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Versão em Inglês (English)

Von agora ganhará uma versão em inglês, para nossos amigos estrangeiros. Data de estreia ainda não prevista.

domingo, 26 de abril de 2015

VON

Capítulo XIII

Rodrigo seguiu Chris para fora da Academia.
Christane caminhava sem olhar para trás:
- Christane! – gritava Rodrigo, mas Chris ignorava. – Christane! - Ela virou-se e encarou-o, e depois voltou a caminhar.
- Christane! – disse Rodrigo segurando Chris pelos braços parando-a
- O que você quer aqui? – pediu ela
- Calma, só vim saber: como você está? – disse ele, desarmando Chris.
Ela suspirou fundo e disse: - O que você acha?
- Só vou saber depois que você me falar. – respondeu ele
- Tô legal. – disse ela
- Mas e o chute nas costelas? – pediu Rodrigo
- É... – lembrou-se Chris dos ferimentos e tocando suas costelas falou: – O importante é a vitória. – Christane voltou a caminhar quando sentiu uma forte dor: - Ai! – era uma fisgada em suas costelas.
- Deixe-me ver isso aí vai. – disse ele aproximando-se de Chris – E não se faça de durona.
Christane ergueu o lado da blusa e mostrou suas costelas. E ali estava um ferimento profundo e preocupante, se não fosse à sorte de se regenerar logo poderia ter sido até mais grave.
- Provavelmente você fraturou algumas costelas, o certo seria você descansar por hoje. – explicou Rodrigo. Christane fez cara de nojo. – E não me olhe assim. Eu te levo até seu alojamento, que você acha?
- Não preciso de babá. – respondeu ela
- Hoje sim! – disse ele
Christane sorriu. Era estranho ver um Rodrigo tão acolhedor e próximo.
- Ta bom! Mas só hoje. – concordou Chris, e se apoiando em Rodrigo.
Os dois andavam calmamente pela Avenida de Sweet Mills, demorariam a chegar de volta a Academia caminhando dessa forma.
- Vem cá: verdade que você veio de Porto Rico pra cá? – perguntou Rodrigo quebrando o silêncio
- Sim, verdade. Eu morava lá com meus pais e minha irmãzinha. – contou Chris
- E tinha namorado? – pediu ele erguendo os olhou e a encarando
- Por que a pergunta? – retrucou Christane. Rodrigo não respondeu, apenas continuou a ajudando andar.
- Não dá bola para o Felipe, ele é um idiota às vezes. E sinceramente ele passou dos limites hoje! – comentou Rodrigo tentando retomar a conversa e mudar o assunto.
- Tudo bem. Já percebi que tem várias pessoas da Academia que não vão muito com a minha cara. – respondeu Chris – E até então achava que você era uma delas. – disse ela
- Talvez eu fosse, mas mudei de ideia. – disse Rodrigo.
Então avistaram o portão da entrada para os alojamentos femininos da Academia Misteres e cruzando-o subiram as escadas em direção ao quarto de Christane.
- É aqui. – disse Chris se desvencilhando de Rodrigo quando chegaram à frente do alojamento 113. – Então, tá. Eu fico por aqui.
- Tranquilo, espero que melhore. – falou Rodrigo
- Obrigada. – Chris sorriu.
Rodrigo se virou para ir embora:
- Espere Chris! – disse ele voltando-se para ela novamente antes que Christane batesse na porta – Eu só perguntei se você tinha namorado, por que achava impossível uma garota linda como você não ter um. – disse ele a olhando nos olhos. Chris ficou atônita. – E se você estiver interessada, também estou só atualmente. – sussurrou Rodrigo aproximando seu rosto do de Christane e a puxando para si.
Chris sentiu-se sem reação, mas de forma alguma ela estaria interessada nele. Ou estaria? Christane procurava palavras para responder a Rodrigo, mas nada genial vinha em sua mente.
- Por que seu coração está batendo assim tão rápido? – pediu ele apertando a cintura de Chris levemente. Christane podia sentir seu hálito e seus lábios estavam mais próximos do que o normal.
- Chris! Que bom que você voltou estávamos preocupadas... – era a voz de Wanda que fez trazer Christane de volta a si. Rodrigo logo soltou sua cintura. Wanda os encarou com uma cara curiosa: - Está tudo bem com você dois? – pediu ela
E como mágica as palavras voltaram a fluir da boca de Chris:
- Sim! – disse Christane emitindo a palavra em um tom alto. – Claro que sim! Rodrigo já estava de saída. – e virando-se para ele perguntou – Não é Rodrigo?
Rodrigo ainda estava um pouco desconcertado com a chegada de Wanda, mas respondeu logo: - Ah, claro! Boa noite Chris, Wanda.
Assim que Rodrigo saiu, Christane entrou para seu alojamento e bateu as portas em suas costas. Viu que a Wanda a encarava ainda com aquela cara de curiosa, mas como iria explicar à amiga, o que nem ela sabia ao certo que tinha acontecido.
- Não me pergunte também! – ordenou Chris saindo em direção ao banheiro. Wanda apenas deu de ombro e não tocou mais no assunto.
Enquanto isso, Cândace tentava cuidar de seus ferimentos adquiridos na luta com Christane.
Estava sentada em seu quarto em frente a um espelho enorme e antigo, quando seu pai adentrou porta à dentro:
- Está demorando demais para cicatrizar estes seus ferimentos minha filha. – disse o senhor Robert Loisse – Por isso trouxe-lhe uma ajudinha. – falou ele e apontando para a porta – Meredith pode entrar!
Uma menina de mais ou menos dez anos de idade e cabelos loiros cacheados entrou no quarto de Cândace e sentou-se em uma das poltronas que tinha perto da janela.
- Trouxe-a para você. – explicou o senhor Robert – O sangue dessa criança ajudará a cicatrizar seus ferimentos mais rápidos.
- Mas pai, hoje não é noite de caçada. – pediu Cândace
- Sem problemas filha, apenas use sua estratégia, afinal Meredith adora historinhas, não é Meredith? – perguntou o senhor Robert virando-se para a menininha.
Seu pai logo deixou seu quarto. A menina tão inocente, apenas observava Cândace com seus grande olhos azuis. Não demorou muito para a Meredith pegar no sono. Cânde se aproximou do pescoço da garota e o tocou, a pele era tão macia, a veias pulsavam com aquele sangue jovem correndo entre elas. Então a face de Cândace começou a mudar e sentindo-se faminta, cravou sua presas sobre o pequeno pescocinho e tomou-lhe o necessário mesmo que seu corpo desejasse mais sangue. Sabia que de manhã teria que mandar a garotinha embora. Cândace adormeceu ao lado da menina esperando pelo amanhã.


- Pai! Pai! – a voz de Cândace parecia assustada quando ao entrar no escritório do senhor Robert pela manhã. – Me ajuda. – pediu ela ofegante
- O que houve Cânde? – pediu o senhor Robert
- Acho que eu a matei. – disse Cândace por fim
- Como assim? – questionou ele novamente
- A menina que o senhor me trouxe como fornecedora. Ela tá morta, pai! – gritou Cândace
- Acalme-se filha. Como isso pode acontecer, ela parecia tão saudável. Tem certeza que você não bebeu mais do que o necessário? – perguntou o senhor Robert a filha
- Tenho. – respondeu Cândace
O senhor Robert levantou-se de sua mesa e caminhou até sua filha:
- Temos que dar um fim no corpo da menina antes que descubram. – disse ele por fim.
Cândace apenas assentiu e o seguiu até o quarto onde o corpo de Meredith descansava.

VON

Capítulo XII

Christane limpou sua boca com as costas da mão e esboçou um sorriso sarcástico.
Seu olhar era diferente, até Felipe que estava assistindo de perto se assustou.
Era como se seus olhos dissessem: você tá morta Cândace!
E em fração de segundos, sem Cânde perceber, Christane a acertava na cara em cheio:
- Só estou retribuindo. – disse.
Cândace estava caída sob o chão, Chris se avançou e montando sobre ela acertou uma sequência exagerada de socos e murros.
Cândace mal respirava.
Felipe comentou com Rodrigo:
- Cara, ela não para de socar a minha prima! – disse ele preocupado com Cândace
- Cara, é só uma luta. – respondeu Rodrigo
Chris ergueu Cândace do chão pelo pescoço, enquanto esta derramava sangue e como se já não bastasse, arremessou o corpo já cansado de Cânde longe o acertando contra uma das arquibancadas, fazendo com que alguns acadêmicos se levantassem correndo.
Chris com seu olhar insano caminhava até onde Cândace caíra:
- Para! – disse Felipe se intrometendo na frente de Christane – Isso já está indo longe de mais!
- Cara... Sai... da minha frente. – pronunciou Chris pausadamente enquanto se aproximava.
- Não posso! – disse Felipe colocando-se em posição para lutar. Chris não parava, estava cega pela sua obsessão e ignorou Felipe. E passando por ele, não percebeu que este falava sério, quando se viu sendo acertada fortemente em suas costelas por um chute de Felipe. O corpo de Chris voou longe.
- Eu já disse para parar! – gritou Felipe partindo para cima de Christane rapidamente.
Mas foi interrompido por Rodrigo:
- Felipe, é só uma luta! – disse seu amigo
- Saí daqui Rodrigo, essa garota já passou dos limites. – pediu Felipe empurrando-o.
- Você já atacou por trás, acabou com a luta, o que mais você quer fazer? – perguntou Rodrigo
- Eu quero arrebentar a cara dela!
- Tá, mas antes você vai ter que arrebentar a minha. – respondeu Rodrigo afrontando seu amigo.
- E qual é da preocupação, ela não é só uma mestiça, seu babaca?!  Então parte pra cima... – provocou Felipe, que nem pode terminar sua frase, sendo acertado por um soco de Rodrigo.
- Parem vocês dois! – gritou Christane tentando se arrastar até eles.
Felipe se desvencilhou, e encarando Chris se aproximou dela para acertá-la em cheio, quando foi parado:
- Pare senhor Montana! – disse o professor Alan segurando seu pulso. – Já teve muita ação por hoje, apesar de eu gostar disso tudo, o round já está acabado.  Isso já passou dos limites.
- Também acho! – disse o diretor Robert ao chegar por trás do professor.
- Senhor Robert, isto era apenas uma competição. – explicou-se o professor Alan rapidamente.
- Tudo bem, não se explique. Quem tem que se explicar por esta vergonha é minha filha. – disse o diretor, que se virando para arquibancada gritou: - Vamos Cândace, levante-se e venha até aqui! Pelo menos perca com dignidade.
Cândace voltou a si, vendo que a luta já havia terminado, levantou-se e cambaleou até seu pai.
O professor Alan colocou-se entre as duas e anunciou:
- E a vencedora é Christane de Mello!– disse ele erguendo o braço de Chris para o alto, a torcida foi à loucura, gritando o nome dela. Mas Christane estava irritada demais para ouvir, apenas puxou seu braço para si, e saiu porta a fora do ginásio.
Rodrigo então a seguiu.

domingo, 19 de abril de 2015

VON

Capítulo XI

As aulas de História Antepassada só tinham graça com o professor Rodney. O professor vestia calças pretas e uma camiseta polo cor lavanda, com seu velho e surrado all star e o cabelo despenteado como sempre. Se não beirasse perto dos cinquenta, teria grandes chances com as acadêmicas de Misteres.
- Alguém sabe me dizer quem foi nosso primeiro rei? – perguntou ele a turma, riscando a pergunta na lousa. Ele debruçou-se sobre sua classe e dobrou os braços na altura do tórax.
- Rafael Dell Bartolomeu. – a voz de Christane vinha do fundo da sala
- Muito bem senhorita. – disse o professor levantando-se - E que século surgiu a nossa Monarquia? – pediu o professor continuando. A turma o olhava atentamente, enquanto ele aguardava a resposta.
- Século XVIII. – respondeu Christane novamente.
- Muito bem de novo, senhorita Mello! – exclamou Rodney e direcionando sua voz para Chris, pediu:
- Sabe de alguma coisa a mais que queira compartilhar com sua turma?
- Depende. – disse Christane
- Passe aqui à frente senhorita Mello, gostaria de lhe ouvir. – falou Rodney sentando-se atrás de sua mesa.
Christane levantou-se e caminhou até a entrada da sala. Podia sentir os olhos de seus colegas queimarem em suas costas. E virando-se para turma, começou:
- Entre o século quinze e o dezessete, nossa espécie foi ameaçada pelos humanos. – dizia Chris calmamente - Acusaram-nos de bruxaria e feitiçaria, e por causa de nossas atitudes exuberantes, muitos de nossos familiares foram queimados vivos em praças públicas, decapitados e alguns tiveram suas vidas tiradas enquanto dormiam através de uma estaca enfiada em seu coração. – ela fez uma breve pausa - Os poucos vampiros que ainda restavam se reuniram e tramaram contra a humanidade. Mas seus planos não saíram como planejados e o resultado foi à morte de mais vampiros. Nossa população, na época reduziu a tanto que o líder Rafael decidiu fazer um acordo com os humanos para uma trégua. Seu irmão Marion, que liderava junto a ele, não concordou com o tal pedido e desta forma surgiu os dois clãs: Rabel e Umirza. – Chris andava de um lado ao outro. O professor Rodney analisava Christane. – E no ano de mil setecentos e alguma coisa, não me lembro da data... – disse ela tentando recordar – Rafael Bart, como era chamado, foi eleito o primeiro rei.
A turma inteira ficará impressionada com a inteligência de Chris, que nem sequer perceberam que ela não se lembrava de tal data. Christane caminhou até sua classe e se sentou. O professor erguendo-se, sem palavras, apenas disse:
- Excelente Christane. – disse virando-se para o quadro, mantendo a serenidade, mesmo que ainda estivesse admirado com o conhecimento de sua aluna.



A Consagração de Artes Marciais Milenares estava ocorrendo desde as sete horas da manhã, e muitos alunos já haviam sido descartados, entre eles, Maria Pitter, Wanda, Gustavo, Rodrigo. Mas Chris ainda não havia sido chamada para competir com lá se sabe quem.
Estava sentada ela e suas duas amigas nas arquibancadas, quando ouviu o professor Alan pronunciar:
- Round de nº 56: senhorita Christane de Mello e... – dizia o professor
- Ei, Chris, é você! – disse Wanda cutucando o braço de Christane
- Graças a Deus! – respondeu Chris
- Ou não. – murmurou Maria Pitter
- Por quê? – perguntou Christane
- Olha lá quem vai ser seu oponente? – respondeu Maria Pitter apontando para o professor Alan que estava esperando Chris com Cândace Loisse ao seu lado.
- Merda! – resmungou Christane
- Pelo menos agora você vai poder quebrar a cara dela sem dó. – disse Wanda
Christane se levantou da arquibancada sem vontade alguma de participar, mas sabia que para ser aprovada neste semestre tinha que fazer isso.
- Hei, vadia! Anda logo! – gritou Cândace
Chris a encarou.
Pensando bem, essa seria a hora certa de quebrar a cara de Cândace!


- Que a luta de nº 56 comece! – gritou o professor Alan, saindo de entre Chris e Cândace e permitindo que as duas começassem sua luta.
Cândace foi a primeira a avançar, Christane esquivando, as duas tinham quase o mesmo alcance.
- Sua vadia. – repetia Cândace em meio aos golpes
- Corna. – sussurrou Christane, quando passou rapidamente para trás de Cândace, dando-lhe uma chave de braço.
Cânde logo se livrou, e pode tomar espaço. A raiva fulminava nos olhos de Cândace e Chris gostava disso e quando Cânde mirou, acertou um chute em cheio na cara de Chris, que acabou caindo uns metros longes. Os alunos extasiados pela luta das duas já começavam sua torcida.
Christane olhou para o chão por alguns segundos:
- Vamos senhorita Mello, ou terei que dar vitória à senh... – mas o professor Alan nem pode terminar a frase
Christane levantou-se e num piscar de olhos ergueu Cândace pelo colarinho, socou-a três vezes e a enterrou contra o chão. Cânde cambaleou para trás, tentando respirar.
- Sua mestiça do inferno! – urrou Cândace e pisando firme no chão, correu até sua oponente, mas Chris se esquivou antes, mas não tanto, dando tempo a Cânde de lhe imobilizar:
- E agora Christane? – perguntou ela
- E agora que a gente faz isso! – e rapidamente Chris agarrou Cândace e a rebateu contra a parede perto de uma das arquibancadas. O público todo se impressionou, quando sem perceber:
- Só isso, Chris? – era Cânde que acertando um soco no estômago de Christane, jogou a longe.
Chris debruçou-se com suas mãos no chão, gotas de sangue pingaram de sua boca.
Agora Christane iria lutar para valer.

sábado, 18 de abril de 2015

VON

Capítulo X

A Quinta-feira chegou voando. A semana passou tão rápida e despercebida de todos, que Christane até esquecera de Rodrigo. Chris até pensou em não ir mais, até por que descobrirá que seu nome estava agora na lista de candidatos a Comissão Acadêmica. Maria Pitter também não estava afim, mesmo assim topou ir a festa de Rodrigo por causa de Wanda. E assim fez o mesmo Christane.
Horas depois, quando já estava dentro da Boate Blueend arrependeu-se. Não havia ninguém interessante por ali, enquanto Wanda dançava, Maria Pitter se embriagava. Sentiu-se só e entediada, quando avistou Gustavo Weissel vindo em sua direção.
- Quanto tempo, Chris. Como vão as coisas? – perguntou ele em meio à barulheira da música alta. Será que o DJ não percebera: os auto-falantes graves estavam estourados?!
- Tudo bem. – respondeu ela e pensando num assunto para conversar lembrou-se da sua indicação. – Ah! Fui indicada para as eleições da Comissão Acadêmica, - contou ela passando a mão em seu copo de vodca e bebericando-o. – Acho que isso é uma novidade.
- Sim, uma das boas. – respondeu Gustavo, sentando-se ao seu lado. - Fico surpreso que irá competir ao lado do Rodrigo e da ex-líder da comissão Cândace Loisse. – respondeu ele a fitando – Conhece, ela?
Christane não conhecia Cândace exatamente, mas tinha certa impressão que a tal não gostava dela nem um pouco.
- Não. – respondeu por fim.
- Ótimo. – Gustavo levantou como se tivesse se empolgado com a resposta – Essa é uma boa hora de você conhecer novas amigas. – e puxando Chris pela mão a arrastou pelo meio da multidão.
Quando chegaram a uma mesa de vidro redonda e enorme perto do palco, avistou Rodrigo, seus amigos e... Cândace.
- Gente, esta é Christane de Mello. – gritou Gustavo por causa do som – Ela foi indicada para a Comissão Acadêmica também.
Christane os olhou rispidamente, tentando esboçar um sorriso. Nisso Cândace estendeu-lhe a mão:
- Prazer, Chris. – disse ela – Meu nome é Cândace. – Christane levou um choque. Ficou ali, parada, olhando para mão de Cânde estendida para ela. Chris tinha certeza que aquela garota a odiava.
- Prazer. – disse ela por fim retribuindo o aperto de mão falsamente.
Christane cumprimentou-os e depois a convite de Gustavo sentou-se ao seu lado entre ele e Cândace. Rodrigo nem sequer a olhou, fingindo que não a conhecia e Gustavo percebendo, quis chamar-lhe a atenção:
- Viu quem está aqui conosco, Rodrigo? Lembra-se da Chris que lutou com você nas aulas de Artes Marciais? – pediu ele insistindo. Christane queria sair correndo dali. Estava mais arrependida ainda por ter vindo.
- Ah, sim. Como poderia esquecer. Foi eu que venci aquela luta, não é Christane? – respondeu Rodrigo salientando o nome de Chris.
- Espero honrá-lo com uma revanche. – rebateu Christane
Felipe, que estava ao lado de Rodrigo, percebera o clímax chato entre os dois e convidou-o para irem buscar mais bebida. Os dois saíram.
- Cara, dá um tempo. – disse Rodrigo enraivecido, referindo-se a Christane – O que aquela cretina faz aqui?
- Você convidou toda a academia para seu aniversário, menos ela. – lembrou-lhe Felipe. – E não me diga que você não fez propositalmente. Pois sua intenção era ver Christane, sabia que ela viria mesmo sem convite. – disse ele arqueando um dos cantos da boca, como se quisesse sorrir.
Os dois aguardavam suas bebidas no alpendre do bar, quando uma garota ruiva de olhos extremamente verdes se aproximou deles. Pelo cheiro, era humana.
- Olá, você é o Felipe Montana? – perguntou a garota diretamente
- Sim. E você? – pediu ele desconfiado
- Sou amiga de Alice Hudson. – e aproximando do ouvido dele perguntou: - Sabe quem é?
- Tenho uma vaga lembrança. – respondeu ele se esforçando para lembrar-se.
- Preciso que me acompanhe até aquela mesa perto dos banheiros. O que tenho pra falar é algo muito sério. – o semblante da garota era realmente intimidador.
- Tudo bem. – disse ele erguendo-se. – Me aguarde aí Rodrigo. Já volto. – e seguiu a garota para a mesa.
- Meu nome é Vanessa Alisson. – disse ela ao sentarem-se a mesa. – Sou melhor amiga da Alice. Você a deixou em minha casa há um mês em meio em uma madrugada. – contou-lhe ela. Felipe então se lembrou. Vanessa falava da tal garota que Rodrigo acreditava ter matado.
- Agora estou lembrando. – disse ele finalmente. – Mas o que tem ela, por acaso morreu? – satirizou Felipe
- Não. Mas acredito ser um problema grave para vocês. – a garota de cabelo ruivo, muito vermelho, inclinou-se sobre a mesa explicando-lhe: - Ela me contou que você vinha aqui nesta boate todas as quintas à noite com seus amigos. Também disse que foi aqui que se conheceram. Disse que vocês estavam ficando sério, mas que certa noite após uma briga sua e de um amigo seu, ela desmaiou e só acordou estando já em minha casa.
Felipe se impressionou com tanta informação fornecida sobre ele a uma desconhecida qualquer. Rodrigo tinha razão, não se deve ficar com uma mesma humana sempre. Nunca presta.
- Sim. Isso tudo é verdade. Mas e como ela está? – pediu ele fitando novamente a moça ruiva.
- Felipe, - a garota segurou a mão dele. – Alice está esperando um filho de você.
Felipe arregalou os olhos.
A notícia lhe acertou em cheio.
De repente sentiu-se zonzo, parecendo que seu mundo girava. A garota sacudiu-lhe a mão, mas Felipe a ignorou e levantando-se pediu uma dose forte de vodca.


Rodrigo e Gustavo encontraram Felipe deitado em uma sarjeta. A roupa suja e encardida, o sol querendo apontar no céu. Já eram quase sete horas da manhã. Não sabiam ao certo o motivo que o levara a se perder assim na madrugada.
- Você matou uma. E essa noite eu quase matei três... – berrava ele insanamente, a boca manchada por sangue. O hálito de bebida alcoólica fortíssimo, e o cheiro de alguma outra coisa faziam o parecer um mendigo. – Eu sou ruim. Minha natureza é ruim! – gritava ele, enquanto Rodrigo lhe aplicava um sedativo na veia. Obviamente ele não iria para as aulas essa manhã, muito menos acordaria antes do meio-dia.

VON

Capítulo IX

- Cara, ela tá morta! – disse ele.
Felipe passou a mão na cabeça. Tinham que dar um jeito no corpo. Pelo visto a noite seria longa para os dois. Tinham que encontrar um lugar onde a Patrulha não flagrasse.
A Patrulha é um órgão militar secreto, que tem como função colocar em prática as leis que permitem os vampiros conviverem com os humanos. Quando se é encontrado um corpo com evidências que o sangue deste foi sugado, a Patrulha é acionada.
Decidiram parar o carro perto de um antigo terreno baldio para refrescar um pouco a mente e pensar melhor, quando deram de cara com Gustavo caminhando na direção oposta.
- Gustavo? – perguntou Felipe abrindo a porta do carro e colocando meio-corpo para fora, sentindo o vento gélido da noite londrina.
- Felipe! – disse Gustavo, e vendo Rodrigo – O que fazem aqui?
Rodrigo e Felipe desceram do carro para cumprimentar seu colega parando em frente ao capo:
- Nada demais. – respondeu Felipe
Gustavo não acreditou muito, mas não quis insistir: - Pois é também não estou fazendo nada demais. Só quis sair para dar uma relaxada. – disse ele
- É! Nós também. – justificou-se Rodrigo
Então o celular de Gustavo tocou:
- Bem... Preciso atender. – disse Gustavo, pegando seu celular do bolso: - Só espero que vocês não estejam com problemas, pois tem alguém se mexendo ali no banco de trás.
Rodrigo e Felipe olharam rapidamente para trás. Quando voltaram o rosto, pensaram em explicar para Gustavo, mas ele já havia se adiantado e ido embora.
Felipe pôs a cabeça para dentro do carro e vendo que a, até então morta, respirava com dificuldade.
- Acho que nos enganamos. Ela não está morta. Venha ver. – disse Felipe chamando Rodrigo.
- Cara, – respondeu Rodrigo ao perceber. – e agora? Vamos deixá-la aonde?
- Boa pergunta. Só conheço o endereço da casa da amiga dela. – disse Felipe a Rodrigo.
- Tá. Já serve.
Entraram no carro e partiram, torcendo para que ela se mantivesse viva.


Rodrigo iria comemorar dezoito anos na próxima semana e por isso decidiu fechar uma boate para comemorar seu aniversário. A festa seria na Boate Blueend e todos da Academia foram convidados, menos Christane.
- Que cara idiota, não te convidou só pra te provocar. – disse Maria Pitter quando soube da notícia
- Não me importo! – respondeu Christane, enquanto ela, Pitter e Wanda andavam em direção a sua próxima aula.
Naquela tarde Christane teria aula de Inglês, e ao chegar à sala surpresinha: lá estava Rodrigo a encarando de sua classe. Então Chris decidiu entrar no jogo dele e sentou-se na classe ao lado de Rodrigo.
A professora Perféta entrou sala adentro rebolando com sua baita bunda, que estourava o terninho lilás, os cabelos preso em um coque e a barriga escondida por baixo da cinta.
- Abram seus livros na página 29, por favor! – gritou ela, mal-humorada.
Chris aproveitou a deixa para provocar Rodrigo.
- Sei que sou a única não convidada para o seu aniversário, querido. – disse ela virando-se para a classe dele.
- Que bom! – disse ele sarcástico – Isso significa que as fofocas voam rápido por aqui. – respondeu Rodrigo
- Sabe, eu adoro uma provocaçãozinha. – falou Chris se aproximando dele – Ainda mais vinda de você. – ela sorria maliciosa
- Senhor Kennedy, senhorita Mello, silêncio! – gritou a professora olhando para Chris e Rodrigo.
- Desculpe senhora Perféta. – disse ele
Rodrigo voltou a concentrar-se na leitura do livro que a professora fazia, quando recebeu um bilhete de letras emendadas:
“O que farei quinta à noite? Ah! Lembrei, irei ao seu aniversário, mesmo que não queira. Assinado Christane de Mello”.


No decorrer daquela semana, Felipe torceu para que a garota do episódio no quarto não o procurasse mais, enquanto Rodrigo esperava que a garota não se lembrasse de sua mordida. Não ousaram nem comentar entre si, pois sabem que as paredes de Misteres têm ouvidos muito bons.
O que Felipe não sabia era que dentro da garota havia ficado um presentinho, muito especial de fato.

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